quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Áreas desmatadas na Amazônia viraram pastos

O mapeamento sobre o uso das terras desmatadas na Amazônia realizado pelo TerraClass mostram que a maior parte foi convertida para a prática da pecuária.

Os dados do mapeamento realizado pelo TerraClass, sobre o uso das áreas desmatadas na Amazônia já estão disponíveis no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Pela primeira vez, foi mapeado o uso das áreas desmatadas do bioma para mostrar o que foi feito com os 720 mil quilômetros quadrados de florestas já derrubados.

Para isso, foram analisadas as informações sobre o desflorestamento ocorrido até 2008 que constam no inventário do Prodes, sistema do INPE que mapeia anualmente o desmate na Amazônia Legal com base em imagens de satélites.

Esta nova leitura resultou na elaboração de um mapa digital que descreve a situação do uso e da cobertura da terra, considerando as seguintes classes temáticas: Agricultura, Pasto Limpo, Pasto Sujo, Pasto com Solo Exposto, Regeneração com Pasto, Vegetação Secundária, Mosaico de Ocupações, Mineração e Área Urbana.

Os mapas mostram que a maior parte, cerca de 60%, foi convertida para a pecuária. Em 21%, houve registro de vegetação secundária, áreas que se encontram em processo de regeneração avançado ou que tiveram florestas plantadas com espécies exóticas.

O projeto TerraClass é fruto da parceria entre o INPE e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Para a execução desse projeto foram mobilizadas as equipes do Centro Regional da Amazônia (CRA) do INPE e da Embrapa Amazônia Oriental, ambos situados em Belém (PA), e da Embrapa Informática Agropecuária, em Campinas (SP).

O monitoramento por satélites é hoje imprescindível na contenção do desmatamento para proteger a biodiversidade e frear alterações no clima, além de gerar as informações necessárias à implantação de políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável.

Desde 1988, o INPE mapeia de forma operacional o desmate por corte raso com o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), sistema reconhecido internacionalmente por sua excelência e pioneirismo.

O INPE mantém em operação três sistemas para monitorar o desflorestamento na Amazônia – além do Prodes, o Deter e o Degrad -, que atuam de forma independente, porém complementares.

O Prodes é considerado o maior programa de acompanhamento de florestas do mundo, por cobrir 4 milhões de km² todos os anos. Seu resultado revela a taxa anual do desmatamento por corte raso, quando todo o conjunto de árvores de floresta é retirado.

Desde 2004, o INPE também opera o sistema Deter - Detecção de Desmatamento em Tempo Real. Menos detalhado do que o Prodes - por utilizar sensores que cobrem a Amazônia com maior freqüência, porém com imagens de menor resolução espacial -, o Deter é mais abrangente e inclui tanto o corte raso quanto as ocorrências de degradação florestal. É utilizado para informar rapidamente aos órgãos de fiscalização sobre novos desmatamentos.

Em 2008, o aumento da degradação indicado pelo Deter motivou a criação do terceiro sistema, denominado Degrad, para identificar as áreas que ainda não podem ser classificadas como corte raso, mas já estão comprometidas pelo desmate. A degradação torna a floresta mais vulnerável - a vegetação mais baixa sofre com as queimadas e as árvores de maior porte continuam em pé, porém mortas.

O lançamento do TerraClass, que revela como estão sendo usadas as áreas onde não se encontra mais floresta nativa, é parte do contínuo aperfeiçoamento das tecnologias desenvolvidas pelo INPE para proteger o meio ambiente.

Os dados sobre desmatamento na Amazônia têm fornecido subsídios a políticas públicas direcionadas para a fiscalização e para o desenvolvimento sustentável da região. Tratam-se de dados disponíveis a qualquer cidadão, pois o INPE divulga na internet todas as informações que gera em benefício da sociedade, como focos de queimadas, condições meteorológicas, qualidade do ar, ocorrência de raios, nível de reservatórios, entre outros.