sábado, 25 de fevereiro de 2012

Agroenergia: o novo paradigma da agricultura mundial

Muitos são os desafios da agricultura no mundo para os próximos 30 anos. Um deles é o aumento da demanda por alimentos, causada tanto pelo crescimento da população quanto pelo aumento da expectativa de vida em todo o mundo.

Além disso, a economia mundial deve crescer em torno de 3% ao ano, de acordo com dados de mercado, com destaque para os países em desenvolvimento, que devem apresentar incremento de 4,6% em média. Ou seja, não é apenas a alimentação que pressionará o setor agrícola nos próximos anos.

Seu papel será mais abrangente, visto que ele deverá ser o provedor de soluções para o setor energético, uma vez que os combustíveis fósseis são recursos finitos. "Já na década de 1970, eu considerava uma loucura a humanidade ter construído uma sociedade inteira sobre uma base energética mal distribuída no planeta e finita", considerou o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas - FGV Agro -, empresário e líder da agroindústria.

Ele realizou, nesta segunda-feira, 5 de novembro, uma palestra na ExpoManagement 2007, promovida pela HSM. Para ele, o crescimento do mercado de biocombustíveis pode concorrer não apenas para resolver um problema de energia a ser enfrentado pelo planeta, como também para criar uma nova ordem mundial, com o crescimento de países em desenvolvimento em especial na região dos trópicos, com o conseqüente fortalecimento da democracia. "Se no século XX, a segurança alimentar foi estratégica, devido às conseqüências da II Guerra Mundial na Europa, no século XXI, a segurança energética é estratégica no capítulo dos biocombustíveis", analisou.

Desafios e vantagens – Há uma demanda potencial de 42% em alimentos e 55% em biocombustíveis para os próximos anos que deve ser atendida pela agricultura, e o Brasil tem de se preparar para responder a essa necessidade. "O crescimento da demanda por combustíveis líquidos aumenta mais que as descobertas de novos poços de petróleo pelo mundo e isso só vai se agravar ao longo dos anos", avisou Rodrigues. Por outro lado, o ex-ministro destacou que entre as vantagens dos biocombustíveis estão os ganhos ambientais, a renovabilidade, os aspectos econômicos, sociais e políticos. "O mais importante é o fortalecimento da democracia sobre uma nova base energética", acentuou.

Mitos – Por fim, o conferencista explicou que existem diversos mitos a serem derrubados em relação aos biocombustíveis, como o fato de a cana-de-açúcar não atrapalhar a produção de alimentos, não promover a monocultura, não representar perigos para a Floresta Amazônica, cujo clima não é favorável a sua cultura. Concluindo, Rodrigues lembrou que ainda existem diversos itens estratégicos a serem definidos, como quanto produzir, para qual mercado, sob que condições comerciais, qual modelo de produção usar, definição de responsabilidade sobre logística e infra-estrutura, estocagem, zoneamento e financiamento, certificação ambiental, créditos de carbono, definição de tecnologia, entre outros. "Uma boa solução seria a criação de uma secretaria de agroindústria, que permitisse o diálogo entre todos os ministérios envolvidos com a área e os inúmeros órgãos do setor", sugeriu.

Fonte: HSM Online